domingo, 25 de dezembro de 2011

Bom dia camaradas


Chegam as férias e uma das vantagens é a possibilidade fazer leituras que não necessariamente pertençam à bibliografia das disciplinas e a primeira delas é justamente a obra que dá nome a este post.

"Bom dia camaradas" (editora Caminho) do jovem escritor angolano Ondjaki, possui leves 138 páginas e narram, em primeira pessoa, a história de uma criança ambientada na Luanda dos anos 1980, com seus grandes conflitos políticos, seu monopartidarismo, seus professores cubanos e sua esperança.
O autor conseguiu construir uma excelente obra que parece realmente ter sido escrita por uma criança, a partir de um olhar ingênuo que nos leva a conhecer as contradições do país da época, de forma muito simples, sem visões tendenciosas, apenas a imaginação infantil, para quem as provas de final de ano tem tanta importância quanto o momento histórico que se vive.


"Na minha cabeça chegou uma mistura de frases: um brinde à partida de tantos cubanos, um brinde ao fim do contacto com os camaradas cubanos, um brinde ao fim dessa colaboração de amizade daquele povo com o nosso, um brinde também ao fim do ano lectivo, um brinde, já agora, à partida do Bruno, um brinde ao facto de não sabermos quem fica na turma para o ano que vem, um brinde porque não sabemos se alguém vai escrever para estes professores cubanos, um brinde porque eles quando chegarem lá em Cuba, por causa do tempo cumprido em Angola, se calhar vão ter melhores condições de vida, quem sabe mais carne por semana, quem sabe um carro, quem sabe algum dinheiro a mais, quem sabe... Já agora um brinde às palavras sinceras do camarada professor Ángel, um brinde às palavras da camarada professora María, um brinde ao orgulho que ela sentiu ao ver o marido falar, um brinde aos rapazes desta sala que estavam também com vontade de chorar, um brinde à Cuba, por favor, um brinde à Cuba, um brinde aos soldados cubanos tombados em solo angolano, um brinde à vontade, à entrega, à simplicidade das pessoas, um brinde ao Che Guevara, homem importante e operário desimportante, um brinde aos camaradas médicos cubanos, um brinde a nós também, as crianças, as "flores da humanidade", como nos disse o camarada professor Ángel, um brinde ao futuro de Angola neste novo rumo, um brinde ao Homem do amanhã, e claro, como é que íamos esquecer isso, Cláudio?, Um brinde ao Progresso!"

Recomendo!!

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