sexta-feira, 4 de março de 2011

De que lado você samba?!

Como estudantes de jornalismo, aprendemos que teremos que conviver com as diferentes faces da profissão, basta estudar a grande mídia e o poder unilateral que ela exerce sobre a vida das pessoas.
É inegável o papel central que a imprensa joga em uma sociedade. Analisando a história do Brasil, percebemos por exemplo, a fúria com que o regime militar aplicava a censura nos veículos de comunicação, mas também percebemos que alguns dos veículos da época serviam para propagar a "revolução de 64". Até os dias de hoje, temos parte da grande imprensa que nega os anos de chumbo no Brasil e as milhares de vítimas perseguidas, cruelmente torturadas e mortas, chamando este período sangrento de "ditabranda", sugerindo que a ditadura brasileira teria sido leve.
Para citar algo pós-ditadura, podemos lembrar da deliberada manipulação, chamada de "edição" feita pela Rede Globo no debate presidencial de 1989, envolvendo os candidatos Lula e Collor, tudo com o objetivo de fazer com que Lula perdesse a eleição.

"Era durante o carnaval"

Em sua coluna do dia 04/03, intitulada "Era durante o Carnaval" para o Jornal NH, Aurélio Decker tece críticas tenazes ao legislativo municipal. Não quero entrar no mérito dessas críticas, afinal o jornalista como qualquer ser-humano tem o direito de defender sua opinião. Mas um parágrafo chamou a minha atenção, o qual achei perigoso, pois ele desabafa: "lamento pelos estagiários de Jornalismo que vão dar os primeiros passos na profissão, ingressando no mercado de trabalho (?) por um lado errado. Exatamente no lado que eles terão que combater, mais hoje mais amanhã. Se forem capazes de esquecer da primeira experiência profissional", referia-se à decisão da câmara de vereadores de contratar estagiários de jornalismo para os gabinetes.

"Abaixou a cabeça já era"

Os problemas neste curto parágrafo são vários! Primeiramente ele cria uma oposição, uma dualidade entre jornalistas e parlamentares. Dessa maneira, o trabalho do jornalista seria sempre destruir tudo o que é feito por algum vereador, deputado ou qualquer parlamentar. Joga todos na vala comum, tanto parlamentares, quanto jornalistas. Ou seja, todo vereador seria corrupto ou estaria alheio aos interesses da população, assim como todos jornalistas seriam os defensores do povo, com o dever da denúncia, da oposição a qualquer tipo de político, sendo inconcebível algum trabalho plausível para o político.
Atacar o parlamento desta maneira é atacar a democracia! É o diferencial entre uma crítica consciente e a tentativa de destruição de um sistema democrático ainda muito frágil.
Em segundo lugar, a coluna estabelece o jornalismo correto e o errado. O que o colunista considera o inicio correto para um jovem estudante de jornalismo? Em um grande veículo de comunicação? Todos tem um lado, assim como os vereadores e os jornalistas, assim como a mídia. Existem parlamentares corruptos, é verdade. Existem parlamentares alheios às necessidades da população, também é verdade. Mas existem veículos da comunicação com os mesmos problemas e além disso, possuem interesses próprios e lutam por eles. E os jornalistas não estão de fora dessa realidade! Alguns são exemplares e excelentes profissionais, outros não tem compromisso ético, são falsos denuncistas e, em alguns casos, chegam a ser escrotos. O que precisa ficar bastante claro é que isso não é uma regra!

Todos tem um lado, e mais ainda, todos sabem de que lado sambam: parlamentares, jornalistas, professores, advogados, etc. O que não dá é jogar todos em um saco e dizer: são todos iguais e ruins, nenhum serve. Pois enquanto isso acontece, existem pessoas comprometidas lutando para construir o nosso Brasil.

4 comentários:

  1. Sou um hamburguense ético, trabalhador e concordo com Aurelio Decker! Político, filho, são todos SAFADOS! Quem ainda não é, se corrompe pela maioria que é corrupto. E quem mesmo assim ainda tenta fazer as coisas certas, denunciando os esquemas e agindo corretamente, acaba morto por capangas contratados! Infelizmente é assim que a coisa funciona "lá dentro". E não importa se é no município, estado ou nação! O jogo deles é por interesses, altos salários e mordomias, só isso!
    Quanto aos estagiários de jornalismo trabalharem para ajudar o legislativo até não tenho nada contra. Mas sou profundamente contra a camara aumentar o numero de representantes (vereadores) para as proximas eleições.
    Ah, e só para terminar, se político fosse gente boa, trabalhariam de forma voluntária para o povo!

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  2. Não sou a Maria Frô, mas comentarei o texto acima(risos).
    Caro Tiago, tens as duas características fundamentais para almejar ser jornalista, na minha opinião: senso crítico e posicionamento.
    A medida que o tempo vai passando,e as experiências acumulando, se percebe as mais diversas contradições de toda e qualquer profissão.
    Teu relato exemplifica.
    Parabéns pelo texto.

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  3. Garantindo a democracia neste blog (diferente de muitos veículos de comunicação), aceito comentários contendo opiniões diferentes da minha.
    Mas preciso responder:

    O "Jogo de interesses" se dá apenas no meio político? Não, esse problema acontece em toda a sociedade, pois o parlamento é apenas um reflexo do ambiente.
    Se existe esse problema em todos os lugares, toda a população se corrompe? Claro que não! A maioria dos trabalhadores sua o ano inteiro!
    É assim na política.

    Discordo também quando diz: "se político fosse gente boa, trabalhariam de forma voluntária para o povo!"
    Considerando que está se referindo aos parlamentares (já que alguns jornalistas, líderes comunitários, etc. não deixam de ser políticos e atuam de maneira voluntária), vereadores seriam apenas da elite, exatamente por não precisar trabalhar para sobreviver.

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  4. Em consideração à amiga Anna, que enviou o seu contra-ponto por e-mail, estou visitando o seu espaço.
    Não irei refutar sua opinião, afinal cada um tem o constitucional direito da livre expressão.
    Entretanto, uma frase me chama a atenção:
    “Atacar o parlamento desta maneira é atacar a democracia! É o diferencial entre uma crítica consciente e a tentativa de destruição de um sistema democrático ainda muito frágil.”
    Eu entendo que não é o parlamento que está sendo atacado, muito menos a democracia.
    Foi expressada a opinião de uma velho jornalista, que sempre se posicionou contra interesses pessoais de indivíduos que foram eleitos para defender os interesses da população de nossa cidade, não os próprios interesses ou de minorias, descompromissadas com o bem estar da comunidade.
    Não vim aqui para defender o Decker, mas agrego minha opinião à dele.
    Tanto é que manifestei publicamente meu ponto de vista, contrário, sobre a pretensão de que se aumente o número de vereadores para a próxima gestão.
    Além disso, estamos oferecendo, aos eleitores do Município, a oportunidade de assinarem a lista que buscará impedir, legalmente, que se aumente o número de vereadores. Você está de acordo com a proposta?
    Então, contratar mais um séquito de funcionários, mesmo sendo estagiários, não me parece ser prioridade para Novo Hamburgo.
    O urgente é a população ver concluídos os 60 novos leitos do Hospital Municipal.
    Prioritária é a fiscalização sobre o não repasse de quase R$ 5 milhões nos últimos três anos, destinados aos bombeiros e à segurança pública, mas que esse prefeito não teria repassado um centavo sequer dese valor, arrecadado através da Taxa de Prevenção de Incêndio, junto ao carnê de IPTU.
    Não me estenderei aqui, isso eu faço em meu blog, apenas pergunto, o que os vereadores estão fazendo sobre esses dois temas, como exemplo, que prejudicam a população, os contribuintes de Novo Hamburgo?
    No meu entendimento, toda a comunidade deveria concentrar sua atenção e apoio para as pessoas que tentam defender os interesses de Novo Hamburgo e não destoar desse objetivo de cidadania.

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