segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fecham-se as cortinas: UNE e CUCA lamentam a morte de Augusto Boal




O teatrólogo colaborou na criação do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, foi preso, torturado e exilado pela ditadura militar


O dramaturgo, diretor teatral e ensaísta, Augusto Pinto Boal, faleceu no último sábado, 2 de maio, aos 78 anos vítima de Leucemia no Rio de Janeiro. Ele nasceu em 16 de março de 1931 e foi uma grande referência no teatro nacional e internacional. Em nota a UNE e Instituto CUCA lamentam sua perda:


"A UNE e o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) manifestam seu pesar e consternação pela morte de Augusto Boal, teatrólogo, professor, escritor, militante político, dramaturgo e diretor teatral, uma das personalidades mais importantes e politicamente conseqüentes do teatro e da cultura brasileira. Boal nos ensinou que o teatro pode ser uma poderosa ferramenta para a transformação social e pela luta em prol dos direitos do povo, dos trabalhadores, da juventude, dos estudantes e de todos aqueles em situação de exploração e opressão", diz um trecho da nota.


Augusto Boal formou-se em química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1950. Logo em seguida viajou para Nova York onde estudou teatro na Universidade de Columbia.
Ao retornar ao Brasil, passou a integrar o Teatro de Arena de São Paulo. Sua estréia na direção foi com a peça "Ratos e Homens", de John Steinbeck, que lhe rendeu o prêmio de diretor revelação pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 1956.


Durante a ditadura, Boal dirigiu o show Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia), no Rio de Janeiro. O evento passou a influenciar a cena artística brasileira do período e lançou a semente para o nascimento do Grupo Opinião. Foi exilado nesta época e criou do teatro do oprimido, metodologia que reúne teatro a ação social.


Retornou ao país somente em 1984. No ano seguinte, dirigiu o musical "O Corsário do Rei", com músicas de Edu Lobo e letras de Chico Buarque. Sua atuação na cena teatral fez com que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) o nomeasse Embaixador Mundial do Teatro pela Unesco em março deste ano.


Confira abaixo a nota:


A União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) manifestam seu pesar e consternação pela morte de Augusto Boal, teatrólogo, professor, escritor, militante político, dramaturgo e diretor teatral, uma das personalidades mais importantes e politicamente consequentes do teatro e da cultura brasileira.


Boal nos ensinou que o teatro pode ser uma poderosa ferramenta para a transformação social e pela luta em prol dos direitos do povo, dos trabalhadores, da juventude, dos estudantes e de todos aqueles em situação de exploração e opressão. Esteve presente em momentos fundamentais da história e da vida cultural brasileira: foi diretor e coordenador do seminário de dramaturgia do Teatro de Arena, colaborou na criação do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, foi preso, torturado e exilado pela ditadura militar. De volta ao Brasil na década de 80, já consagrado internacionalmente pela criação do método de Teatro do Oprimido, participou das lutas pela redemocratização do país e em 1992 foi eleito vereador no Rio de Janeiro pelo PT.
Como parlamentar, Augusto Boal criou o Teatro Legislativo, que através do seu método de teatro-fórum promovia a participação popular na elaboração de leis e na discussão dos direitos sociais. Através do Centro de Teatro do Oprimido (CTO) Boal estava formando centenas de multiplicadores das técnicas do Teatro do Oprimido em pontos de cultura de todo o país. Em diversos estados, a rede de pontos de cultura do CUCA da UNE trabalha com multiplicadores do Teatro do Oprimido.


Boal sempre atendeu ao chamado dos movimentos sociais, tendo participado de diversas atividades da UNE, e desenvolvido seu trabalho junto ao MST, sindicatos e organizações da sociedade civil no Brasil e no mundo. O Teatro do Oprimido está presente em mais de 60 países, a maior parte deles na Africa, Ásia e América Latina. Este ano, no dia 27 de março, Boal recebeu o título de embaixador mundial do teatro pela UNESCO.


A luta e o trabalho de Augusto Boal seguirão vivos e presentes na luta dos estudantes e do povo brasileiro, no caminho da libertação dos explorados e oprimidos de todo o mundo. Como ele mesmo dizia: "Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!"


Boal vive!


Lúcia Stumpf

Presidente da UNE
Alexandre Santini

Coordenador Geral do CUCA

Nenhum comentário:

Postar um comentário