sexta-feira, 29 de maio de 2009

Evaldo Lima - O que Cuba tem a nos dizer sobre Esporte?

Retirado de http://www.vermelho.org.br/

A pequena ilha de Cuba, que comemora em 2009 os primeiros cinqüenta anos da Revolução, tem muito a nos dizer sobre a dignidade humana expressa na prática desportiva.



O Esporte é um direito social coletivo, universalizado, pertence a todos, e é uma das conquistas mais significativas Revolução cubana em matéria de direitos humanos.
Antes da Revolução, havia em Cuba 15 mil esportistas e poucos privilegiados tinham acesso aos clubes desportivos. Hoje, 45 % da população praticam alguma atividade esportiva, além disso, o governo soma 23 mil participantes em programas públicos para atletas de alto rendimento. Esta foi a inspiração do vitorioso Programa Bolsa Atleta do Ministério dos Esportes.

A Educação é parte indissociável do rendimento esportivo. Nos tempos de Fulgêncio Batista um quarto da população cubana era analfabeta e na população rural o analfabetismo atingia mais de 40% da população. Com a Revolução Cuba tornou-se o primeiro país do mundo a erradicar analfabetismo. Segundo o The World Factbook, publicação da Agência de Inteligência Americana(CIA), 99.8% da população cubana acima de 15 anos sabe ler e escrever. Com a Revolução Socialista, a educação foi universalizada levando consigo o esporte. A Educação Física, por exemplo, é disciplina obrigatória de todas as escolas cubanas, com 30 000 professores especializados, o que proporciona o excelente índice um professor por 348 habitantes, contra 1 por 10 mil existentes em 1959.

Estes dados ajudam a compreender porque um país pequeno e pobre como Cuba tenha se tornado uma potência olímpica. Em toda a sua história pretérita à Revolução Cuba acumulou 13 medalhas olímpicas, 12 delas concentradas na esgrima graças ao fenômeno e herói nacional Ramón Fonst, primeiro latino-americano campeão olímpico. Passados cinqüenta anos de conquistas revolucionárias, Cuba já obteve mais de 158 medalhas nas Olimpíadas em práticas esportivas as mais diversas como boxe, judô e atletismo. O próprio Fidel sempre foi um esportiva, apaixonado por boxe e do beisebol e incentivou, com seu exemplo e compromisso, a prática dos mais diferentes esportes entre os cubanos. Os resultados da ampliação do acesso da população ao esporte foram sentidos na primeira geração de esportistas criados dentro do sistema socialista. O processo revolucionário transformou Cuba em uma das maiores potências esportivo do planeta.

Em 1968, apenas oito anos após a Revolução, Cuba conquistou quatro medalhas de prata nos jogos olímpicos da Cidade do México. O melhor ainda estava por vir.

Durante os Jogos Pan-Americano de Cáli, em 1971, Cuba obteve 105 medalhas, 31 delas de ouro. Esse desempenho transformou a pequena ilha na maior potência esportiva da América Latina. Menos de dez anos depois, nas Olimpíadas de Moscou, Cuba ficou em quarto lugar no quadro geral com vinte medalhas. O brilho cubano foi ofuscado pelo boicote dos Estados Unidos aos jogos da Rússia. Muitos diziam que a ausência ianque foi a causa do bom desempenho dos cubanos. Contudo, nos Jogos de Barcelona em 1992, com a participação de todos os países do mundo, Cuba alcançou o maior número de medalhas em uma única edição dos Jogos de sua História. Ao fim Cuba ficou em quinto lugar, com 31 medalhas conquistadas.

Cuba continuou obtendo bons desempenhos nos Jogos olímpicos mesmo com todas as dificuldades provocadas pelo fim da União Soviética em 1991 e principalmente do criminoso embargo econômico dos Estados Unidos. Em 2000, durante os Jogos de Sydney Cuba alcançou 29 medalhas, ficando em nono lugar no quadro geral. Em 2004 nos Jogos de Atenas, foram 27 medalhas e a 11º colocação. No últimos Jogos Pan-Americano realizados no Rio de Janeiro, Cuba ficou em segundo lugar, perdendo apenas para o Brasil.

Convém lembrar mais uma vez que o Esporte é um Direito social coletivo em Cuba. Política pública séria e permanente. Atividade praticada não apenas pelos atletas de alto rendimento, mas estimulada para toda a população. Como parte desta estratégia de desenvolvimento do esporte existem em nível comunitário diversos programas de promoção e prevenção de saúde através do esporte que incluem aos trabalhadores, estudantes, avôs, as gestantes, os lactentes, os grupos de Ginástica Aeróbica na Comunidade e a Ginástica Básica para a mulher. Em todo o país se despregou uma estratégia de desenvolvimento da cultura física e a saúde na comunidade com 270 Ginásios e Áreas Terapêuticas, que atendem aos estudantes que por problemas de saúde não se podem incorporar ao ensino curricular e para os quais existem 28 programas nos 169 municípios do país. Assim , cerca de 30% da população cubana tem um nível excelente de eficiência física como resultado da extensão desta prática a todo o país estando intimamente relacionado ao nível de educação daquele povo.
De forma alguma pensamos no transplante puro e simples do modelo esportivo cubano para nós. Temos a compreensão de que cada povo tem a sua singularidade e riqueza da diversidade da experiência histórica. Compreendemos, porém que Cuba pode nos inspirar na construção sociedade saudável, educada no socialismo, que exerce a plenitude da cidadania através do estímulo constante e permanente ao esporte.

Fonte:
Blog do Evaldo Lima

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